sábado, 29 de maio de 2010

O analfabetismo é um dos maiores problemas enfrentados pelo Brasil, já que dentre os países em desenvolvimento, o país possui uma das menores taxas de alfabetização de jovens e adultos. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que o País só conseguirá erradicar o analfabetismo daqui a 20 anos na população com 15 anos ou mais. O Brasil concentra hoje cerca de 16 milhões de analfabetos totais, e a região com maior índice é o Nordeste, que conta com 21,9% do total.

Além dos analfabetos absolutos, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), são as pessoas que não assinam o próprio nome e que não conseguem ler nem redigir bilhetes simples, existem também os analfabetos funcionais, que são aqueles que conseguem assinar o próprio nome, mas não têm habilidade de entender e produzir sentenças mais complexas. Os analfabetos funcionais somam hoje cerca de 17 milhões de pessoas.

Segundo o autor da pesquisa, Jorge Abrahão de Castro, em entrevista dada ao site Agência Brasil, o índice é elevado porque os programas de alfabetização são pouco eficazes.

Para sanar essa situação, políticas educacionais como a conduzida pela Fundação Municipal para Educação Comunitária (Fumec) de Campinas assumem a responsabilidade de alfabetizar jovens e adultos, através de um programa de educação básica, chamado Educação de Jovens e Adultos (EJA). Na cidade existem atualmente cerca de 60 mil analfabetos totais e 100 mil funcionais, em uma população de pouco mais de 1 milhão de habitantes. Ou seja, na frieza dos números mais de 10% dos habitantes sofrem com o problema. Se descontados deste universo os menores de 15 anos, essa taxa sobe significativamente.

Tabela analfabetismo

A coordenadora do programa do EJA, Isa Speranza Righetto, afirma que a maior dificuldade de alfabetizar jovens e adultos é a falta de estímulo do mercado de trabalho. “A maioria de nossos alunos tem idade entre 20 e 50 anos, e não conseguem ver a possibilidade de ascensão na empresa em que trabalham, sendo escolarizados ou não”, diz. Paradoxalmente, segundo a coordenadora, a maioria dos estudantes está ali exatamente por exigência de seus empregadores.

Outro fator importante para o desestímulo do analfabeto é a carga horária dos estudos, que pode chegar a sete anos, dependendo do grau de conhecimento do aluno. As desistências chegam à casa dos 30% entre os freqüentadores.

Teresa Aparecida Batista, 61 anos, que freqüentou o EJA em Campinas, diz que o programa foi de extrema importância para sua vida profissional. “Eu sabia apenas assinar meu nome, nada mais do que isso. Então tomei conhecimento do EJA há uns cinco anos e resolvi estudar. Hoje tenho o ensino fundamental”, afirma.

Grande parcela dos alunos que estão no programa são oriundos do interior das regiões Norte e Nordeste. “O analfabetismo pode ser atribuído a extensão territorial do Brasil, já que muitas pessoas não têm a oportunidade de estudar nessas localidades. A maioria migra para o Sudeste à procura de melhores condições no mercado de trabalho”, diz Righetto.

Apesar de o analfabetismo ser muito grande no País, há um certo despreparo e desinteresse dos pedagogos, segundo Isa Righetto. “As universidades não oferecem aos futuros professores uma disciplina específica para a educação de jovens e adultos”.

Antigos projetos como Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) e Brasil Alfabetizado não conseguiram sanar o problema devido a falta de investimentos e procura, e se extinguiram. O Brasil pretende erradicar o analfabetismo nos próximos 20 anos, porém com o desinteresse das empresas investidoras, de professores e dos próprios analfabetos, fica a dúvida se essa meta será atingida.




Quadro da educação nacional

Pesquisas na área educacional apontam que um terço dos brasileiros freqüentam diariamente a escola (professores e alunos). São mais de 2,5 milhões de professores e 57 milhões de estudantes matriculados em todos os níveis de ensino. Estes números apontam um crescimento no nível de escolaridade do povo brasileiro, fator considerado importante para a melhoria do nível de desenvolvimento de nosso país.

Uma outra notícia importante na área educacional diz respeito ao índice de analfabetismo. Recente pesquisa do PNAD - IBGE mostra um queda no índice de analfabetismo em nosso país nos últimos dez anos (1992 a 2002). Em 1992, o número de analfabetos correspondia a 16,4% da população. Esse índice caiu para 10,9% em 2002. Ou seja, um grande avanço, embora ainda haja muito a ser feito para a erradicação do analfabetismo no Brasil. Outro dado importante mostra que, em 2006, 97% das crianças de sete a quatorze anos frequentavam a escola.

Esta queda no índice de analfabetismo deve-se, principalmente, aos maiores investimentos feitos em educação no Brasil nos últimos anos. Governos municipais, estaduais e federais tem dedicado uma atenção especial a esta área. Programas de bolsa educação tem tirado milhares de crianças do trabalho infantil para ingressarem nos bancos escolares. Programas de Educação de Jovens e Adultos (EJAs) também tem favorecido este avanço educacional. Tudo isto, aliado a políticas de valorização dos professores, principalmente em regiões carentes, tem resultado nos dados positivos.

Outro dado importante é a queda no índice de repetência escolar, que tem diminuído nos últimos anos. A repetência acaba tirando muitos jovens da escola, pois estes desistem. Este quadro tem mudado com reformas no sistema de ensino, que está valorizando cada vez mais o aluno e dando oportunidades de recuperação. As classes de aceleração também estão dando resultados positivos neste sentido.

A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), aprovada em 1996, trouxe um grande avanço no sistema de educação de nosso país. Esta lei visa tornar a escola um espaço de participação social, valorizando a democracia, o respeito, a pluralidade cultural e a formação do cidadão. A escola ganhou vida e mais significado para os estudantes.

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